Segundo lugar no concurso “Colégio Proeduca” na Província De Tiabaya / Peru

O concurso nasceu a partir de uma iniciativa privada para promover o desenvolvimento de um novo sistema educativo que teria como etapa inicial a construção de uma série de colégios nas regiões da serra no sul do Peru. O intuito do concurso é o planejamento do primeiro destes colégios, o qual se localizaria em uma zona semi-rural nos arredores do povoado de Tiabaya, na região de Arequipa e tinha como premissa o desenvolvimento de uma proposta que levantou os conceitos básicos e as diretrizes que poderiam ser adaptadas às condições particulares de futuros projetos.

A seguir apresentamos a proposta que recebeu o Segundo Lugar, do escritório MASUNOSTUDIO.

Cortesia de MASUNOSTUDIO

Descrição dos arquitetos:
A proposta toma a localização e as condições climáticas como premissas determinantes do projeto. No entanto, pôs-se especial interesse em conseguir um entendimento do que significava fazer uma arquitetura para um espaço de ensino, que não estivesse necessariamente influenciada pelos paradigmas da pedagogia tradicional do país, e que fosse receptiva à variedade de sistemas pedagógicos contemporâneos. Neste sentido, reconhece-se que o esquema típico de pavilhões de aulas e corredores de circulação organizados ao redor de um pátio central apresenta muitas similaridades com uma arquitetura sempre ligada à vida militar ou ao sistema penitenciário, como uma resposta à necessidade de controle das massas.

Frente a esta condição, entendemos uma arquitetura para a educação como uma que toma distância deste paradigma e nasce a partir da busca por promover as capacidades individuais dos alunos através da personalização de espaços e infraestruturas. A partir dessa ideia, toma-se a sala de aula como tema de investigação e reconhece-se sua "forma" como determinante para a possibilidade de uma pedagogia flexível. Reconhecem-se as vantagens das formas com 5 ou 6 esquinas, já que propiciam a geração de "cantos de aprendizagem" entre grupos de alunos, minimizando a percepção controladora tradicionalmente atribuída ao professor, sendo que os alunos são capazes de ter momentos de socialização e privacidade nas diferentes áreas da sala de aula.

Isométrica geral. Imagem Cortesia de MASUNOSTUDIO

É assim que se ensaia a proposta de um ordenamento em base de um série de módulos com uma condição interna suficientemente flexível para abrigar esta nova tipologia de aulas, permitindo ainda a possibilidade de agrupamentos binários, para potencializar suas multifuncionalidades. Reconhecem-se as vantagens da ideia do esquema de módulos para contrastar frente à implantação. O programa concentra-se em 6 torres modulares de 3 níveis, distribuídas de maneira dispersa, procurando ocupar toda a área do terreno. Esta concentração permite a liberação de muita área livre, a qual tem a ver com uma busca por uma reinterpretação do elemento "pátio", como não somente um grande espaço de congregação e controle de massas, mas como uma variedade de espaços de socialização com diferentes escalas e condições personalizadas para cada grupo objetivo.

Planta Baixa - Nível 1

São reconhecidas também as vantagens do sistema de módulos para adaptar-se às particularidades do clima de Arequipa. Uma intensa radiação solar que, durante todo o ano, fica em média 14%, além de uma umidade relativa de somente 40%, são fatores que distam muito dos padrões normalmente recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Com base nisso, planeja-se um sistema de refrigeração natural do projeto, aproveitando a separação entre os módulos para propiciar o fluxo da corrente de ventilação que vem do nordeste, controlando sua intensidade mediante uma barreira natural formada por uma linha de árvores que serão plantadas ao longo dos limites com os lotes vizinhos. Planeja-se, além disso, o aproveitamento do canal de água que atravessa o terreno, integrando-o à arquitetura do projeto, de maneira que fique exposto e permita que a umidade por ele gerada seja distribuída pelo vento por todo o terreno.

Isométrica salas de aula. Imagem Cortesia de MASUNOSTUDIO

Estas condições climáticas são aproveitadas também para a geração de uma consequente linguagem arquitetônica. A intensa radiação solar, traduz-se na condição de não se inserir aberturas nas faces leste e oeste e no controle das dimensões das esquadrias a norte e sul, com o intuito de evitar o ganho ou a perda de calor, dependendo das condições das estações, que atingem picos durante o ano. Tomou-se, então, esta condição como uma oportunidade de experimentação quanto à materialidade do projeto, mediante uma proposta que toma um material convencional como o bloco de concreto e que o integra em um sistema de paredes duplas, além de estantes em MDF, engastadas à esta, que, em suma, cria uma câmara de ar interna que funciona como um excelente isolante térmico.

A partir destas condicionantes, atinge-se um ordenamento funcional dos módulos organizados da seguinte maneira:

Sobre a única frente do terreno fica uma via rural de acesso, onde se inserem dois acessos ao colégio, sendo um principal para o ensino primário e secundário e um especial para os alunos mais novos. Pela entrada principal sobe-se diretamente a um primeiro pátio central, o qual possui uma escala adequada para as atividades que requeiram a congregação do campus educativo. A partir deste pátio, pode-se subir ao módulo de serviços complementares onde localizam-se o salão de usos múltiplos / refeitório, o laboratório de ciências e a parte administrativa, respectivamente em cada um de seus três níveis; ou o acesso às salas de aula primárias e secundárias, localizadas nos segundos e terceiros níveis dos cinco módulos típicos.

Cortesia de MASUNOSTUDIO

As salas de aula localizadas no primeiro piso dos 5 módulos típicos são destinadas aos alunos mais novos, para os quais buscou-se uma localização privilegiada com a intenção de gerar um pequeno mundo à parte, onde as crianças possam desenvolver-se de uma maneira protegida. Assim, suas aulas têm grande contato com a natureza, relacionando-as com o canal de água que atravessa o terreno, com a possibilidade da criação de uma horta. Como complemento ao esquema de módulos, planeja-se uma membrana integradora que se desenvolve acima dos espaços ao ar livre e que possui a dupla função de, em conjunto com a árvores a plantar, formar uma proteção solar para os pátios e circulações do primeiro piso e também servir como plataforma de recreação e circulação para as salas de aula do segundo e terceiro nível. Prevê-se que esta plataforma estará, por sua vez, coberta por uma estrutura tensionada muito leve, confeccionada com elementos reciclados, a qual seria o resultado de uma campanha para impulsionar a consciência da reciclagem e sustentabilidade dos próprios alunos, mediante sua participação na construção da mesma.

segundo lugar

Competição:Concurso “Colegio Proeduca” Provincia De Tiabaya / Perú
Premio:Segundo Lugar
Projeto:
Autores:MASUNOSTUDIO (arq. Maya Ballen, arq. Peter Seinfeld)

Galeria de Imagens

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Cita: Cabezas, Constanza. "Segundo lugar no concurso “Colégio Proeduca” na Província De Tiabaya / Peru" [Segundo Lugar Concurso “Colegio Proeduca” Provincia De Tiabaya / Perú ] 25 Set 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-142100/segundo-lugar-no-concurso-colegio-proeduca-na-provincia-de-tiabaya-slash-peru> ISSN 0719-8906

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